Num sábado solarengo de Abril, o mês que se canta a liberdade, o Carlos, o Zé e o Jorge, em plena cavaqueira, deparam-se com a presença, frente ao campo de ténis do CRDBR, de quatro funcionários municipais de ferramentas em riste derrubando uma placa informativa sobre a importância do ecossistema Sapal de Corroios. Aquela que informava o distraído cidadão de que o campo lamacento que se enche de água, conforme as marés, contêm uma diversidade de vida, a nível de flora e fauna, dando alimento a peixes em crescimento, dispondo de vasta gama de funções ecológicas, reguladoras e depuradoras.
O primeiro ato para a abertura da “porta” ao atentado que viria a amputar um terço ao “coração” da reserva ecológica do concelho do Seixal, com a construção de tanques para a engorda de peixes em cativeiro.
Foi neste contexto de luta contra quem destruiu este habitat ecológico que se constituiu um movimento informal de cidadãos em defesa do Sapal de Corroios, mais tarde, deu origem ao Grupo Flamingo.
Neste espaço temporal, tantos foram os atos de uma cidadania ambiental que marcaram a existência do Grupo Flamingo. Inicialmente com a luta em defesa do Sapal de Corroios, com as audiências dos partidos representados na Assembleia da República; o abaixo-assinado com 2500 assinaturas, as entrevistas às televisões, aos jornais, às rádios…a falta de dinheiro para recorrer ao tribunal, as contradições de quem dizia proteger o Sapal e aprovava a sua destruição.
A seguir, a luta contra os maus cheiros da ETAR de Miratejo e…finalmente… as obras. Ainda os pareceres sobre a desordenada e desenfreada indústria dos areeiros no concelho. Ou a célebre saga da trilogia; sobreiros, estrada, hipermercado, iniciada com o corte ilegal de sobreiros que sob capa do interesse público para a construção da alternativa à EN 10 se destinava a dar lugar a um hipermercado. O monstro comercial exterminador do comércio tradicional, angariador do trabalho precário, sem horário e a preço baixo. Depois veio a luta pela preservação da Rede Natura, em Fernão Ferro, em oposição à construção de um campo de golfe e condomínio privado.
Nem só de lutas ambientais tem vivido, paralelamente, e de forma constante, tem trabalhado para a sensibilização ambiental dos jovens em idade escolar, seja com projetos de educação ambiental, participando nos concelhos eco-escolas ou ainda colaborando nos conselhos gerais. Devido a estas realidades, a comunidade educativa do concelho do Seixal tem distinguido com o seu reconhecimento. Exemplo disso foi o projeto “O Ambiente na integração e sucesso escolar”, considerado inovador na interação da ação social com o ambiente, destinado a jovens em risco de insucesso e abandono escolar.
O trabalho no terreno permitiu verificar que muita gente se tem virado para a sensibilização e defesa do património natural do Seixal, destacando-se o Prof. Manuel Lima, cidadão que propusemos para o Prémio Nacional de Ambiente 2007.
Assim cresceu o Grupo Flamingo e a sua labuta ultrapassou os limites geográficos do Seixal e Almada tendo em 2011 um dos seus projetos no Viveiro de Plantas Autóctones para a reflorestação da Mata dos Medos (Fonte da Telha/Almada), reconhecido a nível nacional com o prémio “Terre de Femme – Ambiente”, destinado a galardoar programas de conservação de natureza dirigidos por mulheres.
Interage, colabora e mantem parcerias com as associações e clubes, congéneres, no sentido de incentivar ao exercício da cidadania dos seus associados, enquadrando as parcerias pela cooperação e solidariedade associativa, onde se inserem as Plataformas Associativas de Ambiente, Sabor Livre, Contra o Plano Nacional de Barragens, Sementes Livres
A nível da Comunidade Educativa tem colaborado com diversos estabelecimentos educativos sendo Membro do Conselho Eco Escolas de diversas. Entre 2007 e 2010 foi elemento do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas “O Rouxinol” (Corroios/Seixal).
Desde 2013 que desenvolve o Projeto “CIRPA – Centro de Investigação e Reprodução de Plantas Autóctones”, no viveiro da Quinta da Marialva (Corroios), atualmente com a reprodução do Carvalho-de-Monchique, cujas espécies, cerca de um milhar, foram plantadas em plena serra de Monchique.
Em 2014 foi galardoado com a medalha de Bons Serviços Municipais, pela Câmara Municipal do Seixal, em reconhecimento pelo modo como se distinguiu, no exercício da sua atividade, tendo contribuído para a melhor e eficiência dos serviços prestados à população do Concelho do Seixal.

Desde 2013 que tem vindo a colaborar no apoio a atividades do GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial, num seu projeto designado de GIRO (Grace – Intervir – Recuperar – Organizar) onde diversas empresas, maioritariamente multinacionais, interessadas em aprofundar o papel do sector empresarial no desenvolvimento social.